Prefeitura não renova convênio com entidade esotérica

O contrato da Prefeitura do Rio com a Fundação Cacique Cobra Coral (FCCC) acabou. Depois dos oito anos de confiança depositados pelo prefeito Cesar Maia na entidade, que se diz capaz de previsões e alterações meteorológicas, o clima da cidade passa a ser preocupação exclusiva do futuro secretário de Obras, Luiz Antônio Guaraná. O titular da pasta não pretende renovar o convênio, embora respeite a crença e esteja com as portas do gabinete abertas para quem quiser se manifestar.
– Nem sei que contrato é esse. A equipe de transição não me passou nada. Agora, acreditando ou deixando de acreditar, o fato é que nos últimos seis anos a prefeitura deu muita sorte. Pode ter sido por causa do cacique. Eu, pessoalmente, não acredito – confessa Luiz Guaraná.
Em seu ex-blog, o prefeito Cesar Maia enumerou ontem cinco tópicos a favor da renovação do contrato, sem ônus para os cofres públicos. Também combateu a postura de Guaraná, a quem acusou de “fazer pouco” do tema.
“Há oito anos que as chuvas no Rio podem até gerar alagamentos, mas nunca mais ocorreram cenas e imagens de rios caudalosos e barcos improvisados pelas ruas e carros boiando e gente morrendo e famílias desalojadas, como vimos nestes anos em centenas de cidades brasileiras”, diz o prefeito em um deles, demonstrando “enorme” preocupação com o verão carioca.
Desconfiança
Mais cético, Guaraná preferiu acionar a Geo-Rio, a Secretaria de Transporte e as áreas de planejamento, as quais pediu um levantamento dos pontos onde há risco maior de alagamento, desmoronamento de encostas e falta de drenagem.
– A gente vai tentar minimizar os efeitos de uma chuva maior que porventura venha a cair. A limpeza das galerias de águas pluviais leva de três a quatro meses. O plano verão deveria ter começado em agosto para estarmos preparados para enfrentar as chuvas até março – criticou o novo secretário de Obras.
O diretor de assuntos corporativos e relações governamentais da FCCC, Osmar Santos, diz que se algum alerta “surgir” não hesitará em procurar o governador ou o novo prefeito, como fez em junho, quando alertou a prefeitura sobre o “excesso de precipitação em curto espaço de tempo” a partir de novembro. Sem demonstrar chateação com o rompimento do convênio, Osmar, entretanto, prefere não detalhar o prognóstico para a estação.
– Teremos verão de água com guaraná – resume.