O Cacique que faz chover

O Cacique que faz chover

CORREIO BRAZILIENSE
Brasília, 09 de outubro de 1994

Coluna Brasília-DF
Luiz Claudio Cunha

O Cacique que faz chover

A médium Adelaide Scritori chegou na quarta-feira, entrou em sintonia astral com o Cacique Cobra Coral na quinta e a chuva chegou, mansa e abençoada, na sexta, acabando com uma seca de 72 dias em Brasília.

É mais um troféu para a fundação espírita Cacique Cobra Coral, com sede física em São Paulo mas cada vez mais respeitada entre os homens do poder no Distrito Federal. O místico José Sarney deixou de viajar no seu Boeing presidencial, certa vez, por causa  do médium que incorpora o Cacique. De forma clara, ela avisou que Sarney não deveria embarcar para o Japão porque a aeronave tinha um problema.

Foi o que bastou para Sarney trocar de avião, alugando um DC-10 da Varig. Horas depois, técnicos da Aeronáutica descobriram uma falha grave numa das turbinas.A partir daí, palpites de dona Adelaide ganharam o carimbo, junto ao entinto SNI, de “assunto de segurança nacional”.

O Cacique, através de Adelaide, tentou avisar o Dr. Ulysses Guimarães sobre os perigos aéreos em outubro, mês em que seu helicóptero sumiu no mar. O Cacique voltou a dar palpite contra os perigos da tecnologia, recomendando ao incrédulo Rubens Ricupero que tomasse muito cuidado com suas conversas – mas esqueceu-se das parabólicas.

Agora, a fundação acaba de mandar ao ministro da Fazenda, Ciro Gomes, o mesmo fax enviado ao seu antecessor, advertindo sobre a recomposição dos estoques de carne e feijão, Dito e feito!

O Cacique, diz Adelaide, está preocupado no momento com os governantes que assumem em janeiro próximo: “A seca de 95 será ainda pior”,  adverte.
Como todo mundo sabe aqui em Brasília, o Cacique faz chover.

É bom não duvidar!

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