Revista ISTOÉ
A energia sobrenatural do cacique – Madi Rodrigues
Racionamento
Ilumina Brasil. Este é o nome da operação antiapagão coordenada pela médium Adelaide Scritori, da Fundação Cacique Cobra Coral, entidade espiritualista que profetiza tempestades, desvia tufões e realiza alterações climáticas em várias partes do mundo. A médium, que diz receber o espírito do Cacique Cobra Coral, prometeu ao governo fazer chover e manter estáveis os níveis dos reservatórios através do controle da temperatura e umidade do ar. A operação começou em 7 de maio. E, de lá para cá, contrariando as previsões meteorológicas, águas rolaram no outono. A operação tem um preço: que o governo construa um linhão de transmissão interligando o Sul ao Sudeste e tire as termelétricas do papel. “Se isso não for feito, a operação será suspensa. O ritmo das chuvas vai acompanhar o ritmo das obras”, ameaça a médium. Ela foi procurada para ajudar no combate à falta de energia. “Estamos negociando com o Palácio do Planalto”, disse Osmar Santos, diretor da entidade. Experiência é o que não falta. A instituição atende a 17 países e três continentes. Com a ajuda do Cacique – que afirma ser a reencarnação de Galileu Galilei e Abraham Lincoln –, diz ter resolvido as crises de racionamento do Sul, em 1986, do Nordeste, em 1987, e da Argentina, em 1989. Na véspera do aniversário de FHC, Adelaide prometeu: “Nosso presente virá dos céus para Minas Gerais, a caixa-d’água do Brasil.” Os principais reservatórios do País ficam em Minas. No dia 18 de junho, dito e feito. São Paulo, Rio e Minas acordaram sob chuva. Aos políticos que pensam em tirar proveito da crise, a médium avisa: “Quem apostar no apagão como palanque eleitoral, vai cair do cavalo.”