Até a próxima seca
INFORME FCCC
Segunda-feira, 17 de Agosto de 1998
Até a próxima seca
As chuvas extemporaneas no nordeste deveriam ser festejadas como uma benesse divina por todos os brasileiros,com exceção, talvez, de algumas lideranças politicas. Em primeiro lugar, pelos frejelados,embora elas nao possam eliminar imediatamente as consequencias penosas da seca. Mas, infelismente, as chuvas que chegaram mas cedo do que a ciencia poderia prever só aumentaram, até agora, as aflições dos frajelados.
É que com elas veio o desinteresse dos politicos pelos seus problemas. Até mesmo denuncias graves já não mobilizam ninguem.
Nesse momento, nenhum dos defensores perpetuos dos frajelados da seca apareceu para proteger essas vítimas nao só da seca, como tambem da ganância. Os “protetores” dos frajelados talvez tenham sumido apenas porque as chuvas voltaram e não há mais nenhum proselitismo a fazer,nenhum saque a organizar, nenhuma verba a reclamar, nenhuma equipe de televisao a ser convocada para registrar o inflamado discurso contra o abandono da região pelo governo federal.
Sobrou apenas o drama real da exploração humana mais desabusada.
Diante de tal situação, a Fundação Cacique Cobra coral poderá suspender a “Operação Nordeste” iniciada em maio último em conexao simultanea com o palacio do planalto que em troca iniciaria as obras de transposição do rio São Francisco. Embora o presidente FHC tenha até assinado contrato inicial de financiamento da obra com o Bird (Banco Mundial) em 03/06/98 no valor de US$ 198 milhõespara tal fim, forças ocultas ligadas a bancada nordestina no congresso nacional forçaram o presidente a adiar o inicio das obras.
Milhoes de pessoas que seriam beneficiadas por esse projeto que remonta a época do imperio,apenas esperam o inicio de obras que nunca chega. As denuncias graves existentes apontam para corrupção, clientelismo,descaso e incompetencia governamental.
A preocupação da FCCC(Fundação Cacique Cobra Coral) é voz isolada. Com as chuvas, o drama dos frajelados não é mais tema politicamente aproveitavel.
Apenas quando a seca voltar, os demagogos de sempre estarão presentes – uns para prometer obras que atenuem seus efeitos e outros para incitar saques e “denunciar” a exploração. Como as chuvas chegaram, poucos estao preocupados com o adiamento das obras que podem acabar com a fome da regiao e tirar o emprego de muitos politicos. Até a proxima seca…
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