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Tentar escrever sobre todos os trabalhos de Thaisa Storchi-Bergmann é tão impossível quanto ver a singularidade no centro de um buraco negro. Thaisa Storchi-Bergmann é reconhecida dentro e fora do país por suas pesquisas sobre esses objetos cósmicos, mas por pouco seu talento não foi parar na… construção civil.
Thaisa se matriculou em arquitetura e chegou a fazer alguns meses do curso na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), mas sua disciplina favorita da graduação, para a surpresa dos colegas, era “física para arquitetos”, ministrada no Instituto de Física.
Não demorou para ela pedir transferência e se formar no curso de Física. A pesquisadora partiu para o Rio de Janeiro para fazer o mestrado, mas logo depois foi convidada a voltar para seu estado natal e dar aula no recém-fundado Depto. de Astronomia da UFRGS.
Thaisa também acompanhou a fundação do Laboratório Nacional de Astrofísica, em Itajubá, Minas Gerais, no ano de 1985. Ela e sua orientadora de Doutorado, Miriani Pastoriza, foram as primeiras pessoas a observar galáxias usando o equipamento do local. Depois, fez vários estágios de pós-doutorado nos Estados Unidos, incluindo o Instituto do Telescópio Espacial e Harvard.
Na época, seu foco era observar núcleos galácticos ativos: galáxias cujo centro emite uma grande quantidade de radiação eletromagnética por causa da presença de um buraco negro. Hoje, sabe-se que a maioria das galáxias têm buracos negros em seu centro – o da Via Láctea, por exemplo, tem quatro milhões de vezes a massa do Sol –, mas que nem todos eles são ativos.
Isso não era consenso até pouco tempo atrás. Os trabalhos de pós-doutorado de Thaisa contribuíram para essa mudança radical nas nossas concepções sobre esses objetos cósmicos.
Falamos no início do texto que não dá para ver a singularidade no centro de um buraco negro. Uma singularidade é um ponto do espaço-tempo que, de acordo com as equações, possui densidade infinita. Por causa disso, ela gera uma força gravitacional extremamente forte, da qual nem a luz consegue escapar.
Você só consegue ver uma coisa porque a luz que reflete ou emite alcança seus olhos. Como qualquer luz que incide no buraco negro é engolida em vez de refletida, a singularidade lá no meio se torna inacessível para nossos olhos (e para qualquer método de sondagem).
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